Um suspense forte sobre um tema atual e que é o pesadelo não só no Brasil como em todo o mundo, o desaparecimento de crianças

Para quem tem filhos, não existe nada pior do que desconhecer o paradeiro deles, acordar assustado no meio da noite para ver se estão bem enquanto são crianças, ou mesmo se preocupar quando atrasam 1 minuto além do horário marcado, isso já na fase adolescente. Ser pai ou mãe é invariavelmente viver a vida pela metade, a sua e das suas crias, é difícil encontrar um meio termo enquanto estão por perto, mas acredito ser insuportável a preocupação com a distância quando estão longe, que dirá se um dia eles desaparecerem.


Foi com essa pegada pra lá de forte que o filme Os Suspeitos (Alcon Entertainment / Paris Filmes) chega às telas brasileiras nesse fim de semana. O mínimo que se pode dizer do filme, embalado em simbolismos gigantes, é que se trata de uma obra assustadora. O tema, muito atual nos dias de hoje e que não tem solução de nenhuma autoridade em nenhum lugar do planeta, agarra com unhas e dentes os vários e inevitáveis clichês que são revividos nas vidas de seus personagens. 


Keller Dover (Hugh Jackman) encara o pior pesadelo de qualquer pai: sua filha de seis anos de idade, Anna, desapareceu com sua jovem amiga, Joy, e enquanto minutos tornam-se horas, o pânico se instala. A melhor pista que têm é a de um trailer caindo aos pedaços que estava estacionado na rua onde moram. Liderando a investigação, o Detetive Loki (Jake Gyllenhaal) prende o motorista, Alex Jones (Paul Dano), mas a falta de provas não o deixa preso por muito tempo. Enquanto a polícia segue várias pistas e a pressão aumenta, o desesperado Dover, sabendo que a vida de sua filha está por um fio, decide que não há mais nada a fazer a não ser resolver por suas próprias mãos. Mas quão longe este pai desesperado irá para proteger sua família?


Um elenco fantástico com interpretações fortes e convincentes, além de Jackman (o eterno Wolverine), Gyllenhaal (O Segredo de Brokeback Mountain) dá um show na pele do detetive. O tique nervoso sutil é a sua deixa mais clara quando não sabe exatamente o que fazer ou dizer. Apoiando esses dois grandes atores tem ainda a estupenda Viola Davis (na pele de Nancy Birch, que será sempre lembrada por Histórias Cruzadas), a super versátil Maria Bello (Grace Dover), Melissa Leo (Holly Jones) vencedora do Oscar® e Paul Dano (vivendo o garoto deficiente Alex Jones, muito diferente do arrogante filho de Harrison Ford em Cowboys & Aliens), numa direção segura de Denis Villeneuve, canadense e que tem no currículo Incêndios, indicado ao Oscar® de Melhor Filme de Língua Estrangeira em 2011.


Tecnicamente o filme é impecável, a fotografia que mescla situações de dia, noite, neve, chuva, dentro de casa, fora na rua, é feita por um craque: Roger A. Deakins foi indicado a dez Oscar® de Melhor Fotografia, e tem no currículo Fargo, O Homem Que Não Estava Lá, E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, Bravura Indômita, Onde os Fracos Não Têm Vez, e se junta a ele a excelente montagem de outro craque, Joel Cox, que ganhou o Oscar® pelo filme Os Imperdoáveis, e ainda leva na bagagem Menina de Ouro, A Troca, J. Edgar, Além da Vida, Invictus, Gran Torino, A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima, Sobre Meninos e Lobos, Dívida de Sangue, Cowboys do Espaço, Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal, As Pontes de Madison, Bird, tá bom ou quer mais? Talvez a parte mais fraca do filme seja a trilha musical, é competente, mas não emociona nem dá a dimensão exata do tamanho do filme, muito provavelmente pela pouca experiência do maestro Jóhann Jóhannsson, um islandês que é praticamente um novato na telona.



Os Suspeitos ultrapassa os limites do ser humano quando se trata de proteger e amar explode em emoção quando as injustiças dos dias de hoje vem à tona. É um filme obrigatório, é forte, surpreendente e tem a mensagem daquilo que todo pai faria pelos filhos, é a vida retratada na tela com todas as suas cores e nuances, é o cinema dando o alerta, basta ouvir.

A gente se encontra na semana que vem!

Beijos & queijos

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