O novo filme do badalado diretor
Christopher Nolan é um roda-moinho de ações, emoções e efeitos especiais
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros.
Viajar pelo espaço, conhecer
outras culturas e povos mais avançados, navegar à velocidade da luz e poder
voltar pra casa na hora do jantar, quem nunca pensou que o nosso futuro seria
assim? Muitos de nós, quando pequenos e por vivermos a corrida espacial ao
vivo, sempre pensamos que, ao romper do segundo milênio as coisas seriam mais ou
menos nessa base. A nossa imaginação transcendeu as fronteiras da galáxia e
cultuamos uma até uma guerra nas estrelas, mas esquecemos do principal, cuidar
do quintal da nossa própria casa.
Viver em um planeta absolutamente
inviável, cheio de poluição e com os povos brigando entre si é a herança que
estamos deixando para os nossos filhos e netos, é inadmissível que o homem suje
a água que bebe, polua o ar que respira, destrua a terra que lhe fornece o
alimento. Qual a melhor saída? Mudar de planeta ou de atitude?
É com essa consciência completamente
equivocada do ser humano, mas com uma pitada ecológica dos pobres terráqueos, que
surgiu a idéia do filme INTERESTELAR (Warner
Bros. Pictures, Paramount Pictures, Legendary Pictures,
Syncopy/Lynda Obst Productions) uma produção feita a custos
estratosféricos, divulgados US$ 165 milhões, mas acredita-se ter passado a
barreira dos US$ 200 milhões, e que tem como grandes chamarizes o diretor
inglês Christopher Nolan e o vencedor do Oscar® de melhor ator Matthew
McConaughey (Clube de Compras Dallas),
para viver uma aventura que, dificilmente estaremos vivos para comprovar.
É um caso muito sério o que acontece com esse
filme, primeiro foi cogitado que Steven Spielberg dirigiria o longa,
ele desistiu do projeto e passou para o irmão de Nolan, Jonathan
que assina o roteiro junto Christopher. Claro que aproveitaram
a estupenda repercussão da trilogia de Batman e a surpresa em A
Origem para convencer os estúdios que estavam no caminho certo. Será? Bom, eu tenho cá minhas
dúvidas, primeiro pelo tamanho (169 minutos) e segundo pela exagerada demora em
se entrar no contexto propriamente dito. Isso se chama, em jargão de
jornalista, Nariz de Cera, e nesse caso o nariz ficou tão grande que quase
derreteu a cera.
A idéia é até simples, com o
nosso tempo na Terra chegando ao fim, um time de exploradores é responsável
pela missão mais importante da história da humanidade: viajar além desta
galáxia para descobrir se a raça humana tem futuro além das estrelas.
Os cenários físicos e de estúdio
são sensacionais, a captação feita em dois sistemas (IMAX e 35 mm ) ficou
a cargo do diretor de fotografia o suíço Hoyte van Hoytema (lembrado pelo
singular ELA) dão uma dimensão diferente ao filme. As paisagens
dos planetas visitados, uma obra do diretor de arte Nathan Crowley (da
trilogia Batman) tem um enorme impacto visual, assim como toda
viagem pelo espaço e as diversas situações de dentro e fora das cabines das
naves espaciais.
A montagem feita pelo australiano
Lee
Smith (Batman: O Cavaleiro das Trevas) é simples e objetiva,
torna-se cansativa em alguns momentos devido ao desenrolar lento do roteiro, em
compensação, quando se trata de cenas de ação a montagem é exemplar.
A trilha sonora do maestro alemão
vencedor do Oscar® Hans Zimmer (trilogia Batman,
O
Rei Leão) é quase imperceptível, delicada e singularmente colocada,
a impressão que se tem é que o filme não tem música, mas é um engano, ela está
lá alguns decibéis abaixo do normal, apenas para conduzir e não interferir.
O elenco é de primeira linha,
além de Matthew McConaughey tem a vencedora do Oscar® Anne Hathaway (Os
Miseráveis), a indicada ao Oscar® Jessica Chastain (A
Hora Mais Escura), Bill Irwin (O Casamento de Rachel),
a vencedora do Oscar® Ellen Burstyn (Alice Não Mora Mais Aqui) e o
vencedor do Oscar® Michael Caine (Regras da Vida) e o não
creditado Matt Damon (da trilogia Buorne) o que é muito
estranho para uma estrela dessa magnitude.
Todos em seus quadrados dão o
melhor de suas capacidades de interpretação, mas dá pra sentir um pulso mais
fraco na direção, Nolan não impôs a grande vitalidade que exigiu de seus
comandados em Batman, O Cavaleiro das Trevas.
As idas e vindas, as brigas, as
reconciliações, os momentos de suspense e tensão fazem de INTERESTELAR uma
obra única e que não deve aceitar ter continuação, até porque o ciclo se fecha.
É um filme para ser visto e revisto, tamanha a quantidade de situações que
necessitam de uma releitura, já está em cartaz no Brasil, não é recomendado a
menores de 10 anos e, claro, deve ser assistido preferencialmente em salas IMAX.
Na caça a frases interessantes,
coisa que faço muito quando vejo um filme, a que marcou foi “um pai não deve ver seus filhos morrerem”
dita em um momento chave e emocionalmente forte, e serve de alerta inclusive para
aqueles que apenas se preocupam em destruir o planeta que vivemos, afinal, não
tenha na cabeça jogar o lixo fora, não existe o fora, existe o aqui, home sweet
home.
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos
e-mail: coluna.site@gmail.com
Siga-me no twitter: @borrachatv
Curta minha página no Facebook: www.facebook.com/borrachatv
0 Comentários