O novo filme da Marvel Ă© uma avalanche de efeitos, piadas de situaĂ§Ă£o e atuações convincentes dos herĂ³is dos quadrinhos

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Disney

Bons eram aqueles tempos em que viajĂ¡vamos nas histĂ³rias em quadrinhos com os feitos dos nossos herĂ³is. Hoje em dia ainda podemos viajar pelo mundo do faz de conta, sĂ³ que com o importantĂ­ssimo apoio do cinema nas suas imensas telas, em 3D e com os personagens de carne e osso.


Isso provoca uma discussĂ£o quase filosĂ³fica quando se trata de encarar e encarnar um ser que apenas existe na imaginaĂ§Ă£o dos seus criadores e nĂ£o tem, ou nĂ£o deveriam ter, qualquer compromisso com a realidade, afinal de contas, vocĂª jamais vai encontrar o CapitĂ£o AmĂ©rica pagando o condomĂ­nio em uma fila de banco. Claro que os cineastas atuais se preocuparam com essa distĂ¢ncia da realidade e, de uma forma atĂ© bucĂ³lica inseriram alguns cacos humanos em uma aventura Ă©pica.


Podemos notar isso em dois momentos, o relacionamento de famĂ­lia de um dos personagens e a cara de inconformismo de outro herĂ³i quando Ă© atingido pelo fogo amigo. Reações humanas em situações sobre-humanas, interessantes do ponto de vista da fantasia com um pĂ© na realidade.


Estreou na quinta-feira um dos mais aguardados filmes de 2015, Vingadores: A Era de Ultron (Marvel Studios, Walt Disney Studios Motion Pictures), uma obra cinematogrĂ¡fica muito bem pensada e realizada, afinal de contas, a Disney Ă© a maior concentraĂ§Ă£o de talentos em termos tĂ©cnicos e artĂ­sticos. É realmente empolgante e cheio de novidades em termos de realizaĂ§Ă£o cinematogrĂ¡fica, consegue unir um roteiro bem amarrado a cenas de aĂ§Ă£o bem dirigidas.


No filme, Tony Stark (o sempre Ă³timo Robert Downey Jr.) tenta reiniciar um programa de manutenĂ§Ă£o de paz, as coisas nĂ£o dĂ£o certo e os super-herĂ³is mais poderosos da Terra, incluindo Homem de Ferro, CapitĂ£o AmĂ©rica (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), ViĂºva Negra (a maravilhosa Scarlett Johansson) e GaviĂ£o Arqueiro (Jeremy Renner) terĂ£o que passar no teste definitivo para salvar o planeta. Com o aparecimento do vilĂ£o Ultron (James Spader) a equipe dos Vingadores tem a missĂ£o de neutralizar seus terrĂ­veis planos, um ser tecnolĂ³gico que busca a extinĂ§Ă£o da raça humana. Alianças complicadas e aĂ§Ă£o inesperada pavimentam o caminho para uma aventura Ă©pica global.


No elenco de super herĂ³is ainda tĂªm Samuel L. Jackson como Nick Fury e Cobie Smulders como agente Maria Hill, dois misteriosos e poderosos novatos, Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Pietro Maximoff (Aaron Taylor-Johnson) e outros mais se juntam aos personagens principais nas mais de 2 horas e 20 minutos de exibiĂ§Ă£o para fazer jus aos US$ 250.000.000 gastos com a produĂ§Ă£o do longa.


Como jĂ¡ Ă© meio caracterĂ­stica do cinema atual, salvo algumas raras exceções, o diretor tambĂ©m escreve o roteiro e vice-versa. No caso, Joss Whedon, que teve seu inicio de carreira na televisĂ£o, Ă© considerado hoje um dos principais criadores e realizadores de filmes de sucesso de Hollywood (Os Vingadores, Toy Story, O Segredo da Cabana, Muito Barulho por Nada), conseguiu unir em um script coeso, vĂ¡rias opções de sentimentos e gags cĂ´micas inseridas em um universo de aĂ§Ă£o avassaladora.


Claro que o diretor se identifica muito com os personagens que, acredito, devem ter feito parte da sua infĂ¢ncia e adolescĂªncia e nortearam seu carĂ¡ter criativo. A firmeza nas atuações demonstra que existe um vasto conhecimento nas formas de ser e pensar dos complexos personagens, trejeitos, expressões e principalmente ações. É diferente de outros diretores que simplesmente guiam os atores sem um real entendimento do que eles sĂ£o e representam, Ă© o fĂ£ dirigindo pela cabeça do criador.


A fotografia de Ben Davis (Guardiões da GalĂ¡xia, FĂºria de TitĂ£s, O ExĂ³tico Hotel Marigold, Antes de Dormir) Ă© muito escura em alguns momentos e muito clara em outros e nos remete aos quadrinhos invariavelmente, tem aquelas texturas no exagero de cores e na falta delas, coisas de um tempo em que os computadores nĂ£o participavam da execuĂ§Ă£o, apenas ficavam em setores administrativos fazendo contas nas editoras.


Em alguns momentos chega a atrapalhar a visualizaĂ§Ă£o em 3D, mas Ă© proposital, ela sempre estĂ¡ escondendo algum apĂªndice cinematogrĂ¡fico em uma cena de aĂ§Ă£o ou reaĂ§Ă£o do personagem. Essas artimanhas utilizadas pelos editores Jeffrey Ford (CapitĂ£o AmĂ©rica: O Soldado Invernal, Homem de Ferro 3, Os Vingadores) e Lisa Lassek (Os Vingadores, O Segredo da Cabana) somando-se Ă  troca de ritmo em alguns momentos, funcionam perfeitamente para segurar a atenĂ§Ă£o da platĂ©ia.


A complexidade em unir os efeitos especiais nas cenas naturais aumenta muito o grau de dificuldade na montagem final, a trilha sonora quase passa despercebida e torna-se quase impossĂ­vel encontrar um pequeno ajuste de correĂ§Ă£o, muito comum neste tipo de filme, mas raro em termos de mancadas. É como se os editores trabalhassem, e nĂ£o duvide disso, quadro a quadro, como se fosse uma histĂ³ria em quadrinhos, daĂ­ a demora entre as filmagens e a estrĂ©ia nos cinemas.


Claro que Vingadores: A Era de Ultron Ă© imperdĂ­vel, Ă© sucesso, vai arrebentar as bilheterias e deixar um gosto de quero mais na cena extra apĂ³s os crĂ©ditos, afinal o novo vilĂ£o Thanos, interpretado por Josh Brolin, faz sua triunfal apariĂ§Ă£o e deixa em Ăªxtase os enlouquecidos fĂ£s que jĂ¡ nem vĂ£o dormir esperando a seqĂ¼Ăªncia.


A gente se encontra na semana que vĂªm!

Beijos e queijos

Twitter: @borrachatv
Curta minha pĂ¡gina no Facebook: www.facebook.com/borrachatv