A Fórmula 1 fecha as cortinas
certa de que foi um dos mais fracos campeonatos de todos os tempos
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: f1.com
Acabou, a régua foi passada e
nada mudou no universo fora da realidade idealizado por Bernie Ecclestone,
tanto é assim que ele mesmo acha que algo deve mudar para se ter novamente
competição na mais importante categoria do automobilismo mundial. O velhinho
culpa a FIA pela atual situação apática que vive o esporte que, segundo ele, tirou
a disputa e privilegiou os interesses financeiros. Mas meu caro, não era essa a
sua idéia desde sempre?
Na corrida de Abu Dhabi, lá nos
Emirados Árabes Unidos, o fim de semana mostrou de uma forma poética o que é
hoje a competição, ou melhor, a falta dela. A corrida que começa de dia e acaba
de noite é um retrato fiel do que ninguém mais agüenta ver, nem na televisão
nem no autódromo. É um tal de ir apenas para estar, e se, por acaso, você perguntar
para os convivas o nome de 5 pilotos que estejam correndo, é capaz de pararem
no 3!
Nada mudou em relação ao que
vimos o ano todo, a equipe Mercedes dominou inteiramente o fim de semana, desta
vez (ou de novo!) ajudaram o Rosberg a ganhar a corrida e deixaram o Hamilton
puto, o Vettel novamente deu show e mostrou que é sim o mais forte candidato a
dividir as curvas com os alemães no ano que vem. O Kimi, provavelmente sem
álcool na cabeça, chegou em terceiro e deu um pequeno alento para os italianos,
que sonham demais com o Bottas em 2017, esse sim vale a aposta, foi o maior
sacaneado do ano pela equipe Williams, para dar preferência para um quase
ex-piloto que acha que ainda vai chegar lá. Sei...
Tirando isso, algumas equipes
ainda disputaram posições, mas é aquela coisa chata, sempre do quinto lugar
para trás, valendo apenas o intermediário e o fim do pelotão, e sempre depois
da troca de pneus, que ainda é a maior possibilidade de se criar condições de
disputa entre os pilotos. Olha, é muito pouco e todos estão se tocando disso,
tá na hora de começar a mudar algumas coisas para poder sobreviver.
O ano se fecha e não se tem muita
esperança de algo melhor para 2016, talvez, mas muito no condicional mesmo, a
Honda comece a reagir junto com a McLaren, afinal uma das maiores equipes não
pode brigar no fim do pelotão, inclusive por sua história de glórias, que
começou com o Emerson Fittipaldi. As outras equipes vivem o ocaso da indecisão,
algumas não têm dinheiro, outras não têm motor, outras sem projetos e em várias
falta mão de obra de piloto, até porque no campeonato só existem três: Hamilton,
Vettel e Button, o resto vai ter que comer muito feijão pra chegar perto deles.
A nossa única esperança é o
Felipe Nasr, ele está se tornando um excelente profissional, um cara que vai
disputar não apenas pelo tesão da competição, mas sim pelo que sei que é
colocado na cabeça dele quase diariamente pelos seus preparadores: não pense no
dinheiro agora, pense em ser campeão, o dinheiro vem depois. Foi isso que
faltou ao Barrichello e ao Massa, eles pensaram em comprar a casa, o sitio,
trocar os carros da família e guardar dinheiro no banco, quando acordaram para
a disputa já era tarde.
Vou ficando por aqui, a coluna
vai voltar apenas em ocasiões especiais até março, quando começam os
campeonatos de 2016, deixando como recordação a mais emblemática imagem do ano:
a engenheira de aerodinâmica Kim Stevens toma um banho no pódio, coisa rara de
se ver, assim como a competição que, convenhamos, nunca existiu em 2015.
Beijos & queijos
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