Por mais incrível que pareça, a ficção
tomou as ruas e redes sociais, não ficou só na aventura, passou a fazer parte
do cotidiano das pessoas
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures
Um dos filmes mais esperados do
ano realmente chegou para abalar a nossa sociedade contemporânea. Não se trata de
apenas mais um longa metragem de ação cujos personagens saíram das páginas dos
gibis e ganharam a tela 3D do cinema, é algo muito mais profundo. Falar sobre
essa epopéia é algo prazeroso, porque de certa forma, o trabalho de um critico
é fácil, nos ariscamos pouco e temos prazer em avaliar com superioridade os que
submetem seu trabalho e reputação.
Mas no caso deste filme, a coisa
pegou um pouco mais pesada, não sei se é o momento atual do brasileiro com relação
às dificuldades que enfrentamos nos últimos 3 anos, ou se é aquela coisa de
fazer valer a sua palavra a todo custo, o fato principal é que, mesmo querendo
ser imparcial, alguém sempre está tomando um partido e transformando algo simples
em motivo para se proclamar uma guerra.
O mundo costuma ser hostil aos
novos talentos, as novas criações, mas o novo precisa ser incentivado,
inclusive porque se não existissem novidades estaríamos ainda na era do rádio. E
novidades não faltam nesta nova fase que o cinema Norte Americano entrou, colocando
seus heróis para lutarem entre si, dando um clima apocalíptico ao pacato mundo
restrito de duas cidades defendidas por seus paladinos da justiça, Gothan
City e Metrópolis.
Estreou nos cinemas brasileiros Batman
vs Superman: A Origem da Justiça (DC Entertainment, RatPac-Dune
Entertainment, Atlas Entertainment, Cruel
and Unusual Films, Warner Bros. Pictures), uma superprodução
de US$ 250 milhões que deve chegar, segundo seus produtores, perto da casa do
bilhão. É uma produção das mais bem cuidadas, mas já começou toda cheia de
revolta quando anunciaram o Ben Affleck (vencedor do Oscar®
por Argo
e que cumpre bem o papel) atuando como Batman/Bruce Wayne.
Já o Homem de Aço é revivido por Henry
Cavill (esteve recentemente em O Agente da Uncle), e que também
cumpre com normalidade seu papel como Superman/Clark Kent. Ponto é isso,
os dois atores são competentes em seus personagens e suas atuações não vai levá-los
a disputar o careca dourado, até porque isso fica por conta dos vilões que
esses heróis enfrentam em suas batalhas pela justiça e paz.
O filme tem um vértice mais
voltado para o lado dos poderosos, e o enredo é quase que um golpe de estado,
com dois personagens eleitos indiretamente pelo povo. No caso, preocupado com
as ações de um super-herói com poderes quase divinos e sem restrições, o
formidável e implacável vigilante de Gotham City enfrenta o mais adorado
salvador de Metrópolis, enquanto todos se questionam sobre o tipo de herói
que o mundo realmente precisa. E com Batman e Superman em guerra um com
o outro, surge uma nova ameaça, colocando a humanidade sob um risco maior do
que jamais conheceu.
Os efeitos são de uma qualidade
impressionante, realizados pelos Neozelandeses da Weta Digital Limited
mantém o altíssimo padrão que eles apresentaram em filmes como a trilogia de O
Senhor dos Anéis, Eu, Robô, Avatar,
entre outros. Essa é uma das partes mais importantes no filme, acredita-se que
80% foi rodado em fundo verde (necessário para o Chroma key) e os retoques
nos atores quase não são percebidos, o realismo é mesmo impressionante.
A direção desta guerra ficou a
cargo de Zack Snyder (300, Watchmen, A
Lenda dos Guardiões, Homem de Aço), que antes da exibição
para os jornalistas pediu educadamente que não revelássemos muita coisa que
pudesse comprometer o impacto de quem vai assistir pela primeira vez. Pediu para
não dizer o que tem, mas não falou nada do que não tem e duas coisas realmente
me incomodaram: não ver direito o Batmóvel e o Superman não usar a visão
de Raios-X,
fora isso, nada mais falarei.
Na verdade ele é mais um diretor
de ação do que de atores, as interpretações são corretas na medida em que o
elenco formado de feras como Amy Adams (Trapaça, O
Homem de Aço) como uma Lois Lane menos mandona, Jesse
Eisenberg (A Rede Social) como Lex Luthor menos refinado e mais perturbado,
Diane
Lane (Infidelidade, O Homem de Aço) como Martha
Kent sem características caipiras.
Laurence Fishburne (Tina,
O
Homem de Aço) vivendo um sempre alegre Perry White, Jeremy
Irons (O Reverso da Fortuna) como um Alfred mais genial e
menos mordomo, Holly Hunter (O Piano) como a Senadora
Finch, mostrando todo o estrago que o tempo fez com seu rosto angelical
e Gal
Gadot (Velozes e Furiosos) como a Mulher-Maravilha/Diana Prince.
Eles tomam para si a interpretação do texto. Não é um spoiler, mas facilmente notei que o mesmo personagem tem
significativas mudanças de expressão entre uma seqüência e outra, notadamente
falta de pulso da direção.
A fotografia feita por Larry
Fong, um descendente de chineses que nasceu em Los Angeles, difere em
muito dos seus filmes anteriores (300, Super8, Watchmen)
é muito mais escura, usou e abusou de diversos formatos (16mm, anamórfico 35mm, esférica 35mm, 65 milímetros , GoPro,
digital e IMAX, usou gruas, drones,
staeadcam) que em algum momento devem ter pirado o veterano editor David
Brenner (Nascido em
Quatro de Julho , Independence Day, O
Dia Depois de Amanhã, 2012, Piratas do Caribe: Navegando
em Águas Misteriosas), porque o andamento na primeira hora do filme
parece ser aquela mais preocupada em situar firmemente o que está por vir.
Não vá ao cinema esperando a
profundidade psicológica do Batman de Christopher
Nolan (que assina a produção executiva) nem a sutileza e bom humor do Superman
de Richard
Donner, Batman vs Superman: A Origem da Justiça é na verdade uma
nova proposta baseada em alguns momentos dos quadrinhos da DC Comics, tem um roteiro
muito explicativo e a primeira sensação de alivio com algo engraçado acontece com
mais de uma hora de exibição de um filme que tem pouco mais de 2 horas e 30
minutos.
O importante é desarmar o espírito
e apreciar a obra cinematográfica em toda a sua essência, saber lidar com a diferença
e opinião dos outros, confraternizarem como fizeram os Chairmen da Warner e da Turkish Airlines, já que
suas gravatas mostram suas preferências pelos heróis e vivem em mundos
diferentes, ambos conseguem se unir em torno de um único objetivo, talvez essa
seja a mais importante mensagem em torno da liga que os heróis criaram, a da Justiça.
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos
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