A nova versão de uma das lendas
mais conhecidas do planeta ganha ares de filme moderno, envolvente, alegre e
muito bem realizado
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures
Engraçado como depois de
acompanhar uma exibição em cabine, alguns filmes me remetem a músicas que
fizeram ou fazem parte da minha vida. Como é hábito, toda vez que sou convidado
a apreciar uma nova arte cinematográfica eu nunca procuro me informar sobre
nada, sigo a linha do “Me Surpreenda!”
e isso sempre acaba por facilitar na hora de escrever uma crônica, é como em um
restaurante, na hora que é servido e provado o prato posso avaliar com isenção do
que se trata.
Claro que você assistir ao 51º filme
sobre o rei da floresta, baseado na imortal criação do escritor americano Edgar
Rice Burroughs é não esperar por muita coisa nova, principalmente
porque não dá para fugir muito do enredo principal que é simples e baseado em
fatos que seriam corriqueiros no começo do século XX, mas que nas mãos de um
diretor competente e com uma produção de cair o queixo, ganham vida nova e
certamente vai agradar quem viu pelo menos 1 dos 50 filmes anteriores.
Estreou no Brasil A
Lenda de Tarzan (Village Roadshow Pictures, RatPac-Dune
Entertainment, Jerry Weintraub Productions, Dark
Horse Entertainment, Riche Productions, Warner
Bros. Pictures) que é um dos melhores filmes feitos sobre o tema e certamente
vai empolgar a todos.
Nessa nova versão, passaram-se
anos desde que o homem conhecido como Tarzan (com Alexander Skarsgård,
muito convincente e lembrado por O Diário de uma Adolescente e
da série True Blood) deixou as selvas da África para trás para
levar uma vida burguesa como John Clayton, Lorde Greystoke, com sua
amada esposa, Jane (onde a linda australiana Margot Robbie, uma das
maiores bocas de Hollywood e que é a Jane dos meus sonhos, esteve em filmes como O
Lobo de Wall Street, Golpe
Duplo) ao seu lado.
Agora, ele é convidado a voltar
ao Congo
para servir como um adido comercial do Parlamento, sem saber que na verdade ele
é uma peça usada em uma ação de ganância e vingança, organizada pelo belga Leon
Rom (vivido pelo austríaco e duas vezes vencedor do Oscar®
Christoph Waltz de Bastardos Inglórios, Django
Livre), mas as pessoas por trás dessa trama assassina não fazem idéia
do que estão prestes a desencadear.
Os atores têm uma simbiose muito
boa para os personagens de Tarzan e Jane, isso facilita muito
o trabalho do diretor inglês David Yates (que dirigiu os 4 últimos
filmes da franquia Harry Potter) e ainda conta no elenco com Samuel L. Jackson (Pulp
Fiction: Tempo de Violência, e os filmes do Capitão
América), Djimon Hounsou (Diamante de Sangue,
Gladiador)
e o vencedor do Oscar® Jim Broadbent (Iris). O único que parece não
funcionar com diretores ingleses, ou ser bom mesmo só na mão de Quentin
Tarantino, é o Waltz, seu personagem meio sonso
lembra em alguns momentos o idiotizado de 007 Contra Spectre, os demais
surpreendem no talento e na entrega.
Yates tem a grande
virtude de saber trabalhar muito bem com efeitos especiais, os desse filme são espetaculares
e muito bem realizados por várias empresas (Framestore CFC, 4DMax,
Halon
Entertainment, Lola Visual Effects, Method
Studios, The Moving Picture Company (MPC), Proof, Rising
Sun Pictures, Rodeo FX) que colocaram a mais nova
tecnologia de computação gráfica na tela a serviço do roteiro bem escrito e bem
humorado encabeçado por Stuart Beattie (Piratas do Caribe: A Maldição do
Pérola Negra e O Baú da Morte).
Ainda sobre a batuta de Yates,
a fotografia feita em 3D natural (sem ajustes de computador)
é de grande impacto quando se trata das cenas de ação. O diretor de fotografia Henry
Braham é um inglês que já fez Estão Todos Bem, A
Bússola de Ouro, e optou por um tratamento amarelado que valoriza
as cenas mais internas da floresta, quebra um pouco do vermelho típico da África
e o verde profundo das folhas, facilita (como se isso fosse possível) o
trabalho de montagem feita por Mark Day (os 4 últimos Harry
Potter, Ex – Machina: Instinto Artificial) que é limpo, ritmado
e apresenta algumas novidades na montagem, principalmente nas recordações do
protagonista.
Atenção: é um spoiler e se não quiser saber pule este parágrafo
Agora, o que tem a ver a música
que eu citei no começo com o filme? A canção feita pelo inesquecível Zé
Rodrix e imortalizada na voz da Elis Regina parece ter servido de inspiração
para os roteiristas, o Tarzan vive uma enorme crise de identidade
incluindo a esposa Jane, e só em um lugar "Onde
eu possa compor muitos rocks rurais, E tenha somente a certeza, Dos amigos do
peito e nada mais” a sua vida muda e pode abrir espaço para uma continuação
e talvez transformar esse novo Tarzan em uma franquia.
A classificação do filme ficou em
12 anos por causa das cenas de violência, mas não tira o brilho da produção de
US$ 180 milhões que já faturou nos Estados Unidos US$ 108 desde o lançamento no
dia 01/07. A Lenda de Tarzan é uma ótima diversão, é uma produção impecável
com um ritmo alucinante de ações, não tem o grito do Johnny Weissmuller, mas é
certamente um dos candidatos ao prêmio da academia na categoria de efeitos, então
amigo, é imperdível.
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos
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