Será que não chegou a hora de parar de falar mal de Ben Affleck?

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures

Sabe o que falta para quem apenas enxerga defeitos nas pessoas? Espelho em casa! Esse tipo mesquinho de gente não se encara fixamente, sempre pega alguém pra cristo, elege alguma pobre alma para criticar a vida toda, não conheço nada mais injusto que esse tipo de discriminação. Todos nós temos altos e baixos, defeitos e virtudes, o que vale na vida é a média que temos em relação a coisas boas e ruins que fazemos.


Isso é um pouco do personagem e muito mais do ator, Ben Affleck não é um gênio da interpretação, mas é um profissional dedicado, abraça seus personagens com garra e se entrega muito, talvez nunca ganhe um Oscar® como ator, mas de roteirista e produtor ele já tem em casa. Tomou papudo?


Será que ele nunca será reconhecido? Ora bolas, que saco, tudo que ele faz é ruim? Não tem qualidade? Mentira, ele é um ótimo ator e não faz nada péssimo, desde Argo seus filmes são todos campeões de bilheteria, ah sim, os produtores são burros, os diretores idiotas e não entendem nada de cinema e ele aceita esses papéis porque não tem louça pra lavar em casa. Poupe-me!


Por que tudo isso? Simples, para falar do longa metragem que entra em cartaz hoje nos cinemas brasileiros, o novo filme do ator teve orçamento de US$ 44 milhões e já faturou na primeira semana US$ 33 milhões! Essa nova obra é O Contador (RatPac-Dune Entertainment, Electric City Entertainment, Zero Gravity Management, Warner Bros. Pictures), um filme de ação e suspense que trata também de um tema muito delicado, a Síndrome de Savant.


Christian Wolff (Ben Affleck de Garota exemplar, Batman vs Superman: A Origem da Justiça) é portador da Síndrome e tem mais afinidade com números do que com pessoas. Ele trabalha como contador para algumas das mais perigosas organizações criminosas do mundo e no segundo turno é assassino profissional.


Com o Departamento Criminal do Ministério da Fazenda, coordenado por Ray King (J.K. Simmons vencedor do Oscar® de ator coadjuvante por Whiplash – Em busca da perfeição), começando a fechar o cerco, Christian aceita um cliente legítimo: uma empresa de robótica onde uma assistente de contabilidade (a também cantora Anna Kendrick de Caminhos da Floresta, Cake: Uma Razão para Viver) descobre uma discrepância envolvendo milhões de dólares.


O roteiro é excelente, feito por Bill Dubuque, um quase estreante, antes ele havia escrito o excelente O Juiz, leva sua característica de ir e voltar no tempo para melhor explicar as ações. Esse tipo de narrativa histórico - progressiva é muito difícil de ser feita, os personagens tem duas fases distintas, antes de ser o que são e nos dias atuais.


O elenco tem ainda Jon Bernthal (Corações de Ferro, O Lobo de Wall Street), Jean Smart (das séries de TV Fargo e 24 Horas), Cynthia Addai-Robinson (Star Trek: Além da Escuridão), Jeffrey Tambor (Se Beber Não Case) e o indicado ao Oscar® John Lithgow (Interestelar, Laços de Ternura, O Mundo Segundo Garp), um cast de primeira dirigido por Gavin O’Connor (Guerreiro, Força Policial, Livre Para Amar) que tem neste longa um grande trabalho e consegue uma narrativa envolvente que certamente vai manter todos acesos no cinema.


Um dos pontos mais importantes é a relação do personagem principal com sua doença, o Savantismo (síndrome do sábio) que tem como característica os seus portadores manifestarem grande habilidade intelectual juntamente com um déficit de inteligência, essa doença é bastante confundida com o autismo inicialmente.


No filme também são expostas outras formas de deficiência com menos ênfase, por isso a atenção na hora de assistir deve ser redobrada, as explicações naturais do enredo são às vezes feitas em pequenos gestos, ações ou reações, e ainda tem uma mistura bem cuidada de ação, ela é constante e ritmada, tem uma enorme preocupação com detalhes e pontos de referencia, a ótima fotografia que deixa tudo às claras e uma edição envolvente e cuidadosa que fazem deste um dos melhores filmes de ação do ano.


Não perca tempo e corra para o cinema, O Contador é uma dessas obras imperdíveis, impressiona pela história, pelos motivos que levaram aos fins e principalmente pelas atuações, é muito bem dirigido e vai fazer você sair do cinema pensando se continua a criticar o Ben Affleck, pois isso é preconceito, e preconceito meu amigo é muito feio!


A gente se encontra na semana que vêm!

Beijos & queijos

Twitter: @borrachatv