Ele estĂ¡ de volta, o personagem menos social e mais marcante do universo Marvel confirma: a segunda vez Ă© sempre melhor

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Fox Film do Brasil

É muito curiosa a sensaĂ§Ă£o que algumas pessoas tem quando um personagem se torna marcante, ele toma proporções enormes quando o seu diferencial influĂªncia e desperta sentimentos, nĂ£o Ă© preciso texto, apenas ver como isso mexe com a platĂ©ia. Era assim com o eterno Carlitos de Charles Chaplin, mesmo mudo, o vagabundo conseguia fazer todos ouvirem suas piadas e o cĂ©rebro ficava ligado, esperando aquela aĂ§Ă£o que fatalmente traria risos incontrolĂ¡veis.


Fiquei realmente impressionado como se tornou forte este personagem da Marvel, na apresentaĂ§Ă£o do clipe da Celine Dion da mĂºsica Ashes antes do filme, a platĂ©ia simplesmente se arrebentou de rir com sua performance dançando, evidentemente que era um (uma) dublĂª, mas o poder da imagem transporta nosso cĂ©rebro para outra dimensĂ£o. Esse foi certamente mais um motivo que levou os produtores a apostar na segunda parte desta saga que estrĂ©ia hoje no Brasil, Deadpool 2 (Marvel Entertainment, The Donners' Company, Genre Films, 20th Century Fox) Ă© a continuaĂ§Ă£o da loucura que começou hĂ¡ dois anos com Deadpool.


Ele Ă© um bocudo e mercenĂ¡rio, estĂ¡ mais pelado do que nunca e tem que enfrentar um super soldado que chega com uma missĂ£o assassina, Deadpool (Ryan Reynolds) Ă© forçado a pensar em amizade, famĂ­lia e o que realmente significa ser um herĂ³i, tudo isso, enquanto chuta 50 tons de bundas, porque, Ă s vezes, para fazer a coisa certa, vocĂª precisa lutar sujo. O elenco tem alguns remanescentes, muita gente nova e algumas participações especiais, os personagens do primeiro filme ganharam destaque em alguns casos e pontas em outros, para minha surpresa o papel de Morena Baccarin acabou virando uma delas, eu atĂ© achei que seria maior e contundente, afinal ela Ă© o fio condutor do enredo, por isso esperava mais tempo da brasileira na tela.


A escolha de David Leitch foi bastante acertada para um longa que tem muita aĂ§Ă£o e usa muitos dubles, nĂ£o se trata de uma direĂ§Ă£o que vĂ¡ mudar o mundo da cinematografia mundial, mas consegue segurar o interesse o tempo todo e Ă© bem amarrado graças a um roteiro escrito por Rhett Reese e Paul Wernick, que tambĂ©m assinam o primeiro filme. Ryan Reynolds tambĂ©m escreveu o script, certamente vĂ¡rias piadas sujas e politicamente incorretas saĂ­ram de sua cabeça. O filme tem diversos palavrões e situações cĂ´micas de gosto duvidoso, porĂ©m funciona muito bem no universo deste herĂ³i completamente fora do padrĂ£o.


Durante os 119 minutos de exibiĂ§Ă£o, com direito a cenas pĂ³s-crĂ©ditos, os Ă³timos efeitos visuais assinados pela Double Negative nĂ£o tem objetivo de ser o ponto fora da curva, seguem um padrĂ£o alto porĂ©m nada inovador. O mesmo acontece como a fotografia do francĂªs Jonathan Sela, tem cenas muito bem captadas, se utiliza no filme cenĂ¡rios fĂ­sicos e muito CGI e Ă© tecnicamente bem feito porĂ©m nĂ£o Ă© brilhante. A melhor e mais marcante presença Ă© da trilha sonora musical, como no primeiro filme, as canções antigas dĂ£o o tom da aĂ§Ă£o e sĂ£o as melhores piadas sem texto, tudo isso em uma produĂ§Ă£o que teve orçamento anunciado de US$ 100 milhões, nĂ£o Ă© baixo, mas acaba dando impressĂ£o que os produtores e realizadores optaram por usar o que funciona em detrimento de criar algo mais complexo.


Deadpool 2 Ă© imperdĂ­vel, lĂ³gico, chega para ser sucesso de pĂºblico e renda, mas fui pego de surpresa ao saber que recebeu a ClassificaĂ§Ă£o Indicativa de 18 anos por ter "Drogas, ViolĂªncia Extrema e ConteĂºdo impactante", um enorme exagero se comparado a qualquer telejornal em horĂ¡rio nobre na televisĂ£o aberta no Brasil. NĂ£o acredito que isso serĂ¡ problema para confirmar de vez que, ao contrĂ¡rio de outros personagens da Marvel, este sempre serĂ¡ lembrado "Ad Eternum" pela figura ou mesmo sua silhueta inconfundĂ­vel e cheia de deboche.


Beijos & Queijos